Por Liliam Benzi* participou do Innovation Day a convite da ABRE. O que é considerado…
Um evento, várias reflexões.
Assim foi o Seminário Nacional Embalagens Flexíveis Cenários e Perspectivas repleto de insights e desafios.
Por Liliam Benzi*
O que entendemos quando lemos: “O consumo está querendo filmes de ação”? A resposta é: podemos entender muito, mas este entendimento passa por um monitoramento contínuo dos movimentos do mercado. Como indústria B2B, que é o setor de embalagens plásticas flexíveis, isto significa que não basta entender as necessidades dos clientes diretos, os donos de marca; é preciso ir além e ouvir o consumidor final contextualizado em uma nova sociedade.
Missão dada, missão cumprida e o primeiro painel do Seminário Nacional Embalagens Flexíveis Cenários e Perspectivas, organizado pela Plásticos em Revista em parceria com a ABIEF, e moderado pelo Presidente da entidade, empresário Rogério Mani, discutiu a essência desta questão, e as ações que o mercado demanda da cadeia de valor de embalagem e de bens de consumo.
Um bom insight é que os lançamentos continuam impulsionando as vendas. Contudo este impulso tem sido mais sentido em categorias como produtos de limpeza, itens que promovam a indulgência e produtos para o consumo matinal. A questão, mesmo nestes segmentos com mais gás de consumo, está em equalizar o querer do consumidor com o fato dele estar comprando menos por ticket. Ele não abandona a categoria, mas também não avança nela.
Neste contexto, a marca própria surge como uma grande oportunidade. Se no início esta categoria foi sucateada, hoje o varejo já entendeu o seu valor e está fazendo uma melhor gestão dessas marcas. Esta melhor gestão abre espaço para o supermercado alavancar mais e novos desenvolvimentos. Por tabela, descortina-se inúmeras possibilidades para a indústria de embalagens, em especial as plásticas flexíveis.
Outra oportunidade vem do aprofundamento dos tipos de canais de venda em regiões que saiam dos eixos Sul e Sudeste. Também é preciso ajudar o consumidor a ter um melhor entendimento sobre custo benefício, especialmente em categorias com maior valor agregado como os produtos orgânicos; ainda falta um storytelling consistente da maioria das marcas desta categoria.
Tudo indica que o consumidor precisa passar por um processo: ele entende a necessidade da embalagem e não a dispensa, mas ele sente falta de uma melhor comunicação, uma comunicação que o torne mais sábio e consciente especialmente sobre a possibilidade e importância da reciclagem das embalagens, dentro de um conceito de circularidade.
A indústria ainda se comunica muito mal sobre este assunto e o fato das cadeias produtivas serem mais extensas do que antes, dificulta a melhoria. Um ponto a ser explorado seria a coparticipação da indústria, do varejo e do consumidor sobre o que fazer com as embalagens pós-consumo.
A boa notícia é que já existem iniciativas atuando na questão. Uma delas é o Yattó Transforma que nasceu e tem crescido com o objetivo de cuidar do lixo do mundo. O programa, do qual participam Cargill, Nestlé, PepsiCo, Mars e Ajinomoto, começou no ecossistema de inovação mineiro, com o desenvolvimento de tecnologias para a gestão de resíduos. Com o tempo, o Yattó tornou-se especialista em conectar geradores de resíduos a ciclos de reciclagem em todo o país. O programa aposta nos grandes relacionamentos como uma forma de somar forças em prol do aumento da reciclagem de resíduos no Brasil.
Um dos principais desafios do Yattó é o engajamento das cooperativas a partir da garantia da compra dos resíduos por valores justos. A saída foi garantir a compra do material pós-consumo por meio de contratos, gerando um valor que incentiva os cooperados. Também há uma certa dificuldade no desenvolvimento de mercados para os produtos finais fruto da reciclagem das embalagens flexíveis.
Mesmo assim, em dois anos de projeto foram recicladas 640 toneladas de materiais flexíveis, sendo que só em 2023 foram 500 toneladas. É importante saber que as cooperativas têm, em média, 17% de rejeitos que são enviados para aterro sanitário e que para cada quilo enviado, são pagos R$ 0,60. Portanto, educar o consumidor a descartar corretamente as embalagens é uma forma de alimentar as cooperativas e reduzir o volume de rejeitos enviados para os aterros.
Mas todas estas discussões perdem o sentido se por trás de bons produtos e de boas embalagens não existirem empresas saudáveis. Assim, o último painel do Seminário Nacional Embalagens Flexíveis Cenários e Perspectivas, moderado por Rogério Mani, discutiu fusões, aquisições e sucessão.
E a primeira pergunta: “Por que as pessoas vendem suas empresas?”. Segundo o especialista do FTI Capital Advisors, Renato Boranga, a maioria das vezes é por não terem opção, especialmente em momentos pós crise. E quando isto acontece, tem-se o chamado ‘M&A estressado’. Também é comum venderem por não terem sucessores e porque a indústria de transformação exige muito capital para modernizar e manter a operação.
Outros insights relevantes: normalmente um processo de M&A leva entre 06 e 12 meses e hoje o mercado de M&A está deprimido por conta da crise, mas esta tendência está sendo revertida e o investidor estrangeiro mostra mais otimista com o Brasil.
De todas estas reflexões e insights, uma dica que se aplica a quase tudo: é preciso estar organizado e ter governança independentemente do tamanho da empresa. Se a empresa estiver organizada, ela poderá aproveitar oportunidades em todas as áreas!
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF. Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também foi indicada como Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem). Está à frente da sua empresa – LDB Comunicação – desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).
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