Por Liliam Benzi* participou do Innovation Day a convite da ABRE. O que é considerado…
Existe sinergia entre o agronegócio e a indústria de plástico?
Por Liliam Benzi*
Sim, e muita. Por isso mesmo o evento organizado pela ExxonMobil, com o apoio da ABIEF, foi tão interessante. Com o objetivo de promover a articulação na cadeia do valor e unir a potência da indústria do plástico com a potência do agronegócio, o evento reuniu cerca de 70 profissionais na Casa do Plástico, em São Paulo.
“A relevância do tema parte de uma verdade irrefutável: em 2050 o mundo terá que alimentar 9,7 bilhões de pessoas, ou seja, será preciso 60% mais alimentos do que disponibilizamos hoje”, concluiu o Presidente da ABIEF, empresário Rogério Mani, na abertura do evento.
Fabiana Grossi, da ExxonMobil, completou: “Portanto esta call to action para os impulsionadores de uma agricultura protegida é inevitável”. Estima-se que os plásticos para agricultura representem 4% da demanda total do material. Um número pequeno, mas com um potencial gigante.
Como mostrou Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, o setor agropecuário é destacadamente o mais dinâmico da economia brasileira nos últimos anos e, desde 1996, o PIB do setor cresceu 188%. “Contudo, o setor permanece com o menor peso relativo do ponto de vista da oferta. Portanto, a armazenagem de grãos é uma oportunidade”, ponderou o especialista.
Silvio concorda que a crescente demanda por alimentos e as mudanças no padrão de consumo favorecem este setor, assim como o aumento da renda e da população global. “Vemos claramente que grande parte do estímulo à demanda dos produtos do agronegócio está relacionada à mudança nos padrões de consumo, um processo diretamente associado à crescente urbanização (principalmente nos países asiáticos).”
Numa perspectiva de longo prazo, Silvio destaca a maior competição
pela posse e pelo direito de uso dos recursos naturais que deve provocar pressões positivas no preço dos alimentos. Existem restrições na área de cultivo, ainda que os avanços tecnológicos viabilizem o uso de solos menos férteis e menos acessíveis. A maior instabilidade climática também poderá gerar produções agrícolas mais oscilantes e, deste modo, provocar grandes flutuações nos preços.
Outro ponto a ser considerado é a segurança energética e a escassez
de energia. “Por tudo isso, os preços e a produção de alimentos são sensíveis aos preços do setor energético. Mas a mecanização e o uso mais intensivo de fertilizantes abrem espaço para ganhos de produtividade – o que depende, em grande medida, do uso de combustíveis fósseis. Por outro lado, a escassez de fontes não renováveis de energia torna necessários maiores investimentos em fontes alternativas como os biocombustíveis”, completa Silvio.
Unidades agrícolas maiores também têm se tornado mais numerosas e tal aumento de escala abre espaço para o capital mais intensivo. Esse processo ocorre particularmente na América Latina e em países em desenvolvimento, onde a terra é um recurso abundante e onde as indústrias de alimentos e de bebidas têm forte peso nos segmentos agroindustriais.
E com o aumento de integração econômica, as cadeias de produção tendem a se tornar maiores, mais complexas e globalizadas, e os produtos mais padronizados, o que por si só gera reduções de custos de transação. De todo modo, ainda serão necessários meios de transporte mais eficientes; inovações tecnológicas no campo e em logística e armazenagem; e força de trabalho mais qualificada.
Segundo Andrés da Silva, da EACEA, estes fatores descortinam uma verdade: “o plástico não é vilão, mas a solução para o agro”. E existe muita sinergia entre o agronegócio e a indústria do plástico; o material contribui com: aumento de produtividade, garantia de qualidade, continuidade de produção durante o ano, controle de doenças e pragas, redução do risco financeiro, empregos de qualidade, aumento da margem operacional, economia de insumos, e sustentabilidade.
Estas vantagens foram materializadas no Programa “Eu plastifico nós reciclamos” (www.eacea.com.br) cuja meta é reciclar, num raio de 300 km de São Paulo, plásticos para cobertura de estufa, telas, sombrite, membranas, embalagens flexíveis de fertilizantes, e mangueiras de irrigação. O funcionamento é relativamente simples:
- o produtor se cadastra gratuitamente num aplicativo;
- o sistema estima os volumes e datas de disponibilidade dos resíduos;
- a empresa gestora entra em contato com o produtor e valida as datas e volumes de coleta;
- o produtor recebe toda a orientação sobre como embalar os resíduos;
- a coleta é feita.
A resina pós reciclagem (PCR) possui um QR code que garante sua rastreabilidade. O produtor recebe um Certificado de Reciclagem Voluntária que prova seu engajamento na PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Mas como nem tudo são flores, ou melhor grãos, o principal desafio deste programa de reciclagem continua sendo a logística.
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF. Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também foi indicada como Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem). Está à frente da sua empresa – LDB Comunicação – desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).
This Post Has 0 Comments