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A revolução digital na indústria do plástico: expectativas para a K 2025
Por Liliam Benzi*
Fato: a indústria do plástico não pode mais manter-se contemplativa à transformação digital. A revolução digital chegou, e com ela um tsunami de desafios regulatórios, pressões ambientais e novos players, como os recicladores, que ditam um ritmo diferente para a nossa indústria.
O setor está sendo empurrado para um futuro onde a digitalização não é uma opção, mas uma questão de sobrevivência. Se conectar e se adaptar a ela é a garantia do presente e do futuro. E o movimento é global. Em ano de K (08-15 outubro – Düsseldorf), a digitalização surge como uma das principais bandeiras desta que é a maior e mais importante feira mundial de plásticos.
Segundo o Índice de Digitalização 2024 do Ministério Federal da Economia e Proteção Climática da Alemanha (BMWK), houve um aumento significativo na digitalização, revelando que a economia alemã se tornou cerca de 14% mais digital nos últimos cinco anos. Esse crescimento foi especialmente rápido na categoria “Processos”, que descreve tanto a maturidade digital dos fluxos de trabalho internos das empresas quanto sua conexão com parceiros externos.
Ou seja, com processos cada vez mais automatizados e sistemas inteligentes gerenciando a produção em tempo real, as empresas do setor estão correndo para manter a competitividade.
A Inteligência Artificial (IA) também entra nesse jogo como um divisor de águas. Um estudo da Bitkom mostra que 78% das indústrias consideram a IA crucial para se manterem relevantes. O problema é que mais da metade ainda está esperando para ver o que os concorrentes fazem antes de dar o próximo passo. O clássico: “vou esperar para ver se funciona”. E é nesta hesitação que pode residir o perigo.
Conectividade e IoT: o plástico inteligente
A máxima de que a transformação do plástico é um processo mecânico e repetitivo também precisa ser esquecida. Agora, sensores IoT monitoram as diversas etapas da transformação e da conversão do plástico, transmitindo informações, em tempo real, para aplicativos na nuvem. Isso significa menos desperdício, mais eficiência e um controle de qualidade praticamente cirúrgico.
Esta captação de informações gera um dos maiores patrimônios da atualidade: dados. Mas junto com um grande volume de dados, vem grandes responsabilidades e oportunidades. De um lado: mais transparência e acessibilidade para as empresas; do outro: mais regulação a serem cumpridas.
Outro ponto de atenção são os gêmeos digitais, ou seja, versões virtuais das linhas de produção reais que permitem otimizar processos e prever falhas antes que elas aconteçam. Eles cumprem as exigências do Passaporte Digital de Produto (DPP), que chegou para tornar o ciclo de vida dos produtos mais transparente e circular.
E quando o assunto é controle de qualidade, os sistemas de câmeras e a IA detectam defeitos antes mesmo que o olho humano consiga piscar. Como resultado, menos refugos, mais eficiência e economia de recursos.
Mas nem tudo são bytes e “milagres” tecnológicos. Apesar das inovações, muitas empresas – especialmente as pequenas e médias – ainda engatinham na digitalização por dois principais motivos: falta de investimentos e escassez de profissionais qualificados. Uma solução cogitada pelos especialistas é o uso de Realidade Aumentada que permite que trabalhadores recebam instruções de manutenção diretamente no campo de visão.
“IA e digitalização são transformadores do jogo para a economia circular dos plásticos. Processos de fabricação totalmente automatizados, passaportes digitais de produtos e simulações otimizam fluxos de trabalho e ajudam a economizar recursos em toda a cadeia de valor”, defende Alexander Kronimus, vice-diretor-geral da PlasticsEurope Deutschland. O aprendizado de máquina acelera os ciclos de desenvolvimento e melhora o controle de processos.
Conclusão: um caminho sem volta
A digitalização se confirma como um catalisador para uma indústria do plástico mais sustentável e eficiente. Sistemas de produção conectados permitem otimizações em tempo real, reduzindo taxas de refugo e enfrentando flutuações de mercado com maior resiliência. Ao mesmo tempo, novos modelos de negócios podem ser desenvolvidos – como plataformas digitais e serviços de manutenção.
No entanto, o acesso a financiamentos segue tendo um papel crucial. Segundo o Centro Leibniz de Pesquisa Econômica Europeia (ZEW), a indústria do plástico investe 2,2 bilhões de euros em inovação, o que representa apenas 1,65% do total dos gastos com inovação da indústria de transformação. Por outro lado, o ZEW aponta que 63% das empresas do setor são ativas em inovações de produto ou processo, acima da média de 57% da indústria de transformação.
Esses números mostram que há um forte desejo de inovação, mas que recursos financeiros e humanos são essenciais para implementar projetos de digitalização de forma consistente.
A expectativa é que a K 2025 seja palco para diversas soluções que comprovem o enorme potencial da digitalização para o setor de plásticos. Os mais de 3.000 expositores e a programação de eventos especiais certamente abordarão os desafios do setor e suas respostas digitais.
A ABIEF estará presente na K 2025. Nos vemos lá!
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF.
Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também é Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem) e está à frente da LDB Comunicação Empresarial desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).
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