Liliam Benzi* participou do Fórum de Sustentabilidade Positive Packaging à convite da ABRE.

Um dos grandes desafios da prática da sustentabilidade é se comunicar com o consumidor final, de forma clara e transparente, educando-o sobre o seu papel em um modelo circular de economia. Se o consumidor não estiver devidamente educado e engajado no processo, os esforços da cadeia produtiva perderão muito de seu impacto.

Esta foi uma das questões mais abordadas no Fórum ABRE de Sustentabilidade – Positive Packaging. De modo geral, boa parte dos 60 palestrantes é unânime em afirmar que o consumidor é um ator fundamental para que qualquer ação de circularidade sustentável, em especial ligada à reciclagem, dê certo.

Ele é o ponto de partida para garantir a vida pós destarte de uma embalagem. Mas para exercer seu papel nesta cadeia, ele deve receber informações corretas e ser educado sobre o ‘básico’: a separação, a preparação e o destino adequado dos resíduos. E sempre que possível ele deve conhecer a jornada dos materiais para entrar na história e se sentir agente e, quiçá, protagonista.

Para Beatriz Carneiro, Gerente do Programa de Meio Ambiente da ONU (Organização das Nações Unidas), a importância de uma comunicação clara e efetiva com o consumidor deve ser o centro das ações. E para facilitar este trabalho, a ONU criou, como parte de seu ‘Programa de Informações para o Consumidor’, um hub de informações sobre a sustentabilidade de produtos. Uma forma de orientar os consumidores aa fazerem compras mais sustentáveis de bens e serviços.

A página – www.oneplanetnetwork.org/consumer-information-scp/product-sustainability-information-hub – reúne iniciativas, ferramentas e projetos que direcionam esta comunicação. Existe ainda o ‘Road Testing of the Guidelines for Providing Product Sustainability Information’ que possibilita testar a sustentabilidade de produtos a partir de guidelines amigáveis e cases inspiracionais.

O principal objetivo é garantir network para o ‘Programa de Informação para o Consumidor’. Mas a plataforma também é uma ferramenta poderosa para estabelecer a compreensão dos princípios fundamentais e aspiracionais.

Em linhas gerais, os princípios fundamentais – confiabilidade, transparência, relevância, acessibilidade e clareza – visam evitar o green washing. Estamos falando de sair do discurso e entrar na prática; é mostrar a sustentabilidade dos produtos e embalagens, comprovando seus resultados sempre que possível a partir de estudos e embasamento científico.

Uma visão mais detalhada dos princípios fundamentais dispostos na plataforma da ONU, mostra que:

• Confiabilidade é criar reinvindicações de forma confiável.
• Transparência é satisfazer o apetite do consumidor pela informação sem omitir nada.
• Relevância é falar sobre melhorias em áreas relevantes para o produto.
• Acessibilidade é deixar a informação chegar ao consumidor.
• Clareza é tornar a informação útil para o consumidor.

Também é importante passar estas informações em distintos canais, sejam online ou off-line. Mas a ONU consegue avaliar como essa comunicação ambiental está sendo feita globalmente? Como pontuou Beatriz: ”Não, mas procuramos ter uma abordagem proativa colocando à disposição da sociedade o máximo possível de informações, além de cases que ilustram as boas práticas e ferramentas de auto avaliação”.

E está tudo resolvido? Certamente não e nem tem que estar. Afinal sustentabilidade não tem um fim; trata-se de um processo evolutivo e contínuo cujo foco não é manter nossa vida hoje, mas garantir a sobrevivência da humanidade.

E a melhor tradução de embalagem positiva é justamente essa: ações que garantam a vida humana no planeta; experiências que sejam encantadoras e que tenham um impacto positivo óbvio – e bem comunicado – para o consumidor, sempre atreladas a questões relevantes.
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF. Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também foi indicada como Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem). Está à frente da sua empresa – LDB Comunicação – desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).