Por Liliam Benzi* Fato: a indústria do plástico não pode mais manter-se contemplativa à transformação…

Setor de embalagens segue resiliente, mas macroeconomia assusta em 2025
Por Liliam Benzi*
Em tempos de juros altos, inflação volátil e dólar inquieto, é reconfortante ver que a indústria brasileira de embalagens plásticas flexíveis encerrou 2024 com desempenho positivo: alta de 7,6% no faturamento, que chegou a R$ 37,8 bilhões, e crescimento de 2,5% na produção, totalizando 2,33 milhões de toneladas. O estudo exclusivo da Maxiquim para a ABIEF revelou ainda que o consumo per capita rompeu a marca dos 11 kg/hab/ano, com avanço de 4,3% sobre o ano anterior.
Os números do setor de flexíveis estão bem alinhados ao desempenho da indústria de embalagens como um todo. De acordo com o Estudo Macroeconômico da ABRE, elaborado pelo FGV IBRE, o Valor Bruto da Produção (VBP) em 2024 foi de R$ 165,9 bilhões, representando 3% do VBP total da indústria de transformação.
Esse alinhamento, no entanto, não se restringe aos indicadores positivos. Os temores também convergem. Embora o PIB brasileiro tenha avançado cerca de 3,4% em 2024, impulsionado pelo consumo das famílias e pelos investimentos, o último trimestre do ano apontou sinais claros de desaceleração, acendendo um alerta para 2025. Empresários de diferentes segmentos da cadeia de embalagens começam a expressar essa inquietação.
A previsão da FGV para 2025 corrobora esse sentimento: crescimento modesto do PIB, entre 1,7% e 2,0%, com os setores “cíclicos” — como transformação, comércio e serviços — desacelerando. Os analistas do estudo também ressaltam que o cenário mundial tornou-se um fator adicional de incerteza, impactando os juros e a atividade econômica, especialmente diante dos desdobramentos da nova fase política nos EUA — o chamado “efeito Trump”.
Internamente, preocupa o fato de que a inflação ainda não está sob controle e pode acelerar antes de ceder. O contexto macroeconômico projeta um ambiente de consumo mais desafiador em 2025, agravado pela alta gradativa da taxa de desemprego, estimada para fechar o ano próxima a 7%. O endividamento das famílias e a inadimplência também seguem em níveis elevados, embora atenuados por fatores como o aumento real do salário mínimo e a manutenção de benefícios sociais, que devem manter a Renda Total Disponível em alta — um respiro frente à perda de confiança e ao aperto monetário. A inflação dos alimentos continuará pressionada, e os juros elevados devem conter mais fortemente a demanda por bens duráveis.
Diante desse cenário, a pergunta que paira no ar é: o que esperar de 2025?
Tudo indica que será um ano de cautela. O setor de embalagens — e o de embalagens plásticas flexíveis em particular — permanece protagonista pela sua versatilidade, escala e presença estratégica em cadeias essenciais, como alimentos, bebidas e agronegócio. No entanto, assim como os demais setores industriais, enfrentará um ambiente desafiador, com inflação resistente, custos em alta e risco de retração da demanda interna.
Ainda assim, há espaço para um otimismo estratégico. A força do agronegócio, a pressão por inovação em sustentabilidade e a eficiência logística são fatores que podem abrir boas oportunidades para empresas ágeis, financeiramente saudáveis e bem posicionadas. E as Associações do setor, como a ABIEF, estão prontas para apoiar as empresas nesta jornada de desafios e conquistas.
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF.
Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também é Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem) e está à frente da LDB Comunicação Empresarial desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).
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