Por Liliam Benzi* participou do Innovation Day a convite da ABRE. O que é considerado…
Embalagens circulares: a chance de transformar problemas em oportunidades.
Sempre lembrando que a Economia Circular não soluciona problemas, ela os evita a partir da modificação do sistema.
Por Liliam Benzi*
O Guia de Design de Embalagens para uma Economia Circular, idealizado pela Rede pela Circularidade do Plástico e lançado no Cazoolo Talks, em julho, traz muito mais do que dicas. A conversa dos especialistas – Beatriz Luz (Exchange4Change Brasil), Fabiana Quiroga (Braskem) e Gustavo Alvarez (América Tampas, Abiplast e Rede) – moderada por Fabio Sant’Ana (FAAP), propôs uma importante reflexão sobre o papel de cada elo da cadeia produtiva de embalagem e de consumo para fazer girar a roda da circularidade.
Fato #1: individualmente não faremos nada. Fato #2: é na economia circular que faremos a diferença. Fato #3: a performance da embalagem na fase de uso não pode ser mais importante que a análise no pós-uso. Portanto, é preciso desenhar embalagens pensando na combinação da fase do uso com o potencial de reuso e/ou reciclagem.
Antes pensávamos em uma embalagem para atender aos anseios e necessidades do consumidor. Este mindset mudou e hoje precisamos pensar em embalagens que atendam à circularidade. Por isso, todos os atores envolvidos devem estar na mesma página e todos os materiais disponíveis devem ser considerados e incorporados dentro de um processo contínuo de reavaliação e mudanças. Não existe um fim, até porque o processo é circular.
O Guia da Rede tem como base o Índice de Reciclabilidade que foi a primeira ferramenta criada e igualmente disponível, gratuitamente, na sua plataforma (www.redeplastico.com.br). A “conversa” com este índice de reciclabilidade deixa claro que trocar um material de embalagem por outro não é a solução. É preciso avaliar todas as opções, o tempo todo, e corrigir as rotas quantas vezes for necessário, sempre sob o olhar da economia circular.
Afinal, todos os materiais são importantes, mas nenhuma mudança valerá a pena se não houver mercado para os materiais secundários e se não for possível aumentar a taxa de reciclagem. E aumentar esta taxa não significa necessariamente falar sobre reciclagem; é preciso falar mais sobre design.
A discussão no Cazoolo deixou claro ainda que as ambições da nova economia do plástico passam por alguns tópicos: criação do uso eficiente do plástico pós-consumo; desconexão da produção do plástico de fontes fósseis; e redução do vazamento de resíduos plásticos para o meio ambiente. Neste novo contexto, surgem três áreas chaves para a embalagem: redesign, reuso e reciclagem com melhorias diretas na economia circular.
E os números aceleram este novo pensar. Numa perspectiva mais europeia, mas que não foge muito da realidade global, inclusive do Brasil, temos hoje que 50% das embalagens podem ser recicladas e 20% são reutilizáveis; sobram 30% que não permitem nenhuma ação e é ai que residem o gargalo e o desafio.
O Guia de Design de Embalagens para uma Economia Circular garante um olhar que expande as fronteiras da análise convencional. Se antes pensávamos em impacto e performance, hoje precisamos unir uma visão sistêmica aos materiais secundários reciclados e criar embalagens que sejam lixo 0 seja pela reciclagem ou pelo reuso. Nesta nova economia, os fornecedores passam a ser criadores de soluções e o diferencial competitivo das marcas residirá, cada vez mais, na proposta de valor que levarem para o mercado e não no preço do produto final.
O problema não é o material de embalagem, mas o design da embalagem com foco em reciclagem e em reuso. A economia circular trouxe para a mesa um novo mindset de negócios, novos processos e novos papéis para cada elo. O design pode facilitar esta jornada, principalmente se conseguir acelerar o ritmo de uso de materiais reciclados que ainda é muito lento.
E quando falamos de design, não falamos apenas do desenho das embalagens, mas também dos equipamentos e de todos os processos. Para esta reformulação acontecer será preciso dar alguns passos para trás já que o processo de uso de PCR (resina reciclada pós-consumo) é mais complexo.
A conclusão é que interconectividade entre tudo e todos estará cada vez mais presente e a economia circular ditará um novo equilíbrio econômico. Sairá de cena uma área de compras norteada pelo pensamento do mais barato e virão para o palco todas as áreas da empresa integradas pelo pensamento circular, onde processos, papéis e pessoas compõem a nova economia do plástico. O momento pede que a indústria repense a cadeia produtiva, a fim de promover novos valores, novas atitudes e uma maior cooperação entre todos.
*Liliam Benzi é especialista em comunicação, marketing e desenvolvimento de negócios e de estratégias para B2B, com ênfase no setor de embalagens. Também atua como editora de publicações e Assessora de Comunicação de diversas empresas e entidades, entre elas a ABIEF. Foi eleita Profissional do Ano pela Revista Embanews. Também foi indicada como Press & Communication Officer da WPO (World Packaging Organization – Organização Mundial de Embalagem). Está à frente da sua empresa – LDB Comunicação – desde 1995 (ldbcom@uol.com.br).
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